Monday, August 15, 2011
Agosto de 2011 - Ciclo Cinema Negro Brasileiro
Retomando o blog, o CinePUC Brasil estreou semana passada (dia 11) com o Ciclo Cinema Negro Brasileiro. Ao longo do mês exibirem e debateremos os seguintes longas:
11/08: "Na boca do mundo" (Antonio Pitanga, 1978, 106 minutos)
18/08: "Compasso de espera" (Antunes Filho, 1969, 94 minutos)
25/08: "A Deusa Negra" (Ola Balogun, 1978, 100 minutos)
01/09: "As Aventuras Amorosas de um Padeiro" (Waldir Onofre, 1975, 106 minutos)
Thursday, March 24, 2011
Filmes da PUC (2005 - 2010)
Bons filmes!
Tuesday, November 16, 2010
Friday, November 12, 2010
Novembro de 2010 - Globo Repórter anos 60 e 70
No CinePUC Brasil, faremos um ciclo especial voltado para os
documentários raros do Globo Repórter da década de 60 e 70. São eles:
Primeira semana - 4/11: A classe-média na TV
- Patroa X Empregada, Alberto Salvá 34 min
- Retrato de classe, Gregório Bacic 42 min
Segunda semana 11/11: Cultura brasileira em foco
- Folias do divino, Hermano Penna 41min
- Índios Kanela, Walter Lima Jr. 26min
- O poder do machado de Xangô, Paulo Gil Soares 39 min
Terceira semana 18/11: O pré-Coutinho: consolidando um modus operandi
- Seis dias de Ouricuri, Eduardo Coutinho 41min
- Theodorico, o imperador do sertão, Eduardo Coutinho 49 min
Quarta semana 25/11: Ficção no documentário: o uso da reconstituição
- Wilsinho Galiléia, João Batista de Andrade 62 min
- O último dia da Lampião, Maurice Capovilla 49 min
Além de escancarar a janela cinematográfica, esse ciclo tenta um novo
olhar sobre essa suposta revolução de linguagem na TV brasileira.
Quase certa algumas presenças ilustríssimas nas últimas sessões.
Confirmaremos.
As exibições são sempre às terças e quintas-feiras, às 19h, na sala
102K da PUC-Rio. Exibições em DVD.
Wednesday, September 08, 2010
Setembro de 2010 - Ozualdo Candeias
Monday, August 02, 2010
Agosto de 2010 - 80 anos de Cinédia
Sunday, May 23, 2010
Maio / junho de 2010 - Roberto Carlos
20/05: Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa (Roberto Farias, 1970)
27/05: Roberto Carlos, a 300 quilômetros por hora (Roberto Farias, 1972)
17/06: Roberto Carlos em ritmo de aventura (Roberto Farias, 1968)
Exibições em DVD.
Todas as quintas, na sala 102k, às 19h.
Tuesday, April 27, 2010
Continua em maio
E, o ciclo Fernando Coni Campos não pode parar.
Em maio, passaremos mais dois filmes:
06/05: "Viagem ao fim do mundo (1968, 90', DVD)
13/05: "Champs e Os Ladrões de cinema" (dirigido por Felipe Kowalczuk, 2009, 50', DVD) - documentário sobre Coni Campos
Tuesday, April 13, 2010
Quinta-feira tem "Ladrões de cinema"
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O filme "Viagem ao fim do mundo", que seria exibido na quinta-feira passada (sessão cancelada por causa das chuvas), será remarcado ao longo do mês de abril, aguarde novas datas.
Thursday, April 08, 2010
16mm de Fernando Coni Campos
Essa semana ficamos sem "Viagem ao fim do mundo", por causa do cancelamento das aulas na PUC; o filme será programado novamente, para não deixarmos de ter uma visão mais abrangente da carreira do Fernando Coni Campos.
Confirmando: dia 15/04, "Ladrões de cinema", sala 102k, às 19h, exibição em 16mm.
Melhor filme brasileiro de todos os tempos?
Saturday, April 03, 2010
Abril de 2010 - Fernando Coni Campos
Como muitos diretores brasileiro, Fernando Coni Campos - ou apenas "Champs", como era conhecido pelo amigos - fez menos filmes do que deveria - apenas sete longas. E embora tenha começado a carreira ali no início dos anos 60 junto com nomes ligados ao Cinema Novo, feito um filme considerado "marginal", Coni Campos nunca se sentiu parte de movimento algum. Para ele, a quantidade de regras amarrava o filme, transformava tudo em dogma, perdendo a liberdade. Podemos dizer que Fernando transitou ao lado de todos, trilhando seu caminho próprio, ao mesmo tempo que se deixava influenciar pelo que achava necessário.
É uma pena que seus filmes sejam tão inacessíveis ao grande público, pois Fernando buscava o popular - melhor ainda, sempre quis fazer a ponte entre o popular e o intelectual. Um diretor com o pé em tantas outras áreas: arquitetura, poesia, artes plásticas e, é claro, o cinema; se na sua cabeça cabiam milhares de referências, os seus filmes eram os mais abertos possíveis, a expressão mais sincera de um homem que quis fazer cinema no Brasil. E conseguiu. Que seus filmes sejam mais vistos hoje, quando são totalmente relevantes e pertinentes.
Todas as sessões são às 19h, na sala 102k, nas quintas de abril.
Programação:
08/04: Viagem ao fim do mundo (1968, 90 minutos)
15/04: Ladrões de cinema (1977, 127 minutos) - exibição em 16mm; nesse dia, Coni Campos completaria 77 anos de vida.
29/04: O mágico e o delegado (1983, 103 minutos) - exibição em 16mm
Sunday, February 28, 2010
Março de 2010 - Alberto Cavalcanti
O CinePUC Brasil volta de férias com um ciclo dedicado a um cineasta brasileiro cuja carreira foi construída primeiro fora do nosso país. Aqui no Brasil, Alberto Cavalcanti ficou conhecido por sua participação na criação dos estúdios da Vera Cruz. No entanto, sua carreira como diretor se inicia muito antes disso, e muito longe também.
Cavalcanti parte para a Europa ainda cedo e se junta ao movimento de vanguarda na França na década de 20. Dividindo espaço com Abel Gance, Jean Epstein e outros, Cavalcanti se torna um nome importante desse período de inovação e liberdade estética. Em 1934, ele vai para a Inglaterra a convite de John Grierson para fazer parte do GPO Film Unit, escola inglesa de documentário. A influência de Cavalcanti é decisiva para o sucesso desse movimento. Ao longo de sete anos, contribui não só como diretor, mas como técnico de som, cenógrafo, montador, entre outras funções, em filmes que hoje se tornaram marcos da história do cinema. Ainda na Inglaterra, ele é convidado a se juntar ao Ealing Studios, chamado por Mick Balcon. De novo, a presença de Cavalcanti é essencial. Elisabeth Sussex, no artigo "Cavalcanti in England", considera esses dois movimentos os únicos em que houve um estilo pioneiro dentro do cinema britânico - e Cavalcanti faz parte de ambos. Depois de alguns anos dirigindo filmes de ficção na Inglaterra, Cavalcanti retorna ao Brasil para ajudar na criação e direção dos estúdios da Vera Cruz. Para-além do conhecido fracasso da inicitiva, Cavalcanti dirige três longas no Brasil e tem papel decisivo na construção da Vera Cruz. Sua carreira ainda oscilou com algumas produções para a televisão francesa e o documentário "Um homem e o cinema", de 1977, em que ele próprio revisa sua múltipla carreira.
Como se vê, a obra de Alberto Cavalcanti é extensa e variada, e talvez possa se pensar o que ele estaria fazendo dentro de um ciclo do CinePUC Brasil, já que a maioria de seus filmes não foram feitos aqui. No entanto, Cavalcanti é brasileiro e nunca deixou de ser, seja na França, na Inglaterra ou no próprio Brasil. O que se forma ao longo de mais de 50 anos de atividade, é uma carreira sólida e orgânica, carregando traços similares desde seu primeiro filme na França ("En rade") até uma espécie de remake no Brasil, "O canto do mar".
Nas palavras de Fernando Ferreira, em artigo escrito quando do lançamento de "Um homem e o cinema", "A multiplicidade das suas preocupações estéticas e sociais e a sua busca permanente de um realismo poético, Cavalcanti depositou-as devotadamente no seu amor ao cinema, este, de fato, a sua verdadeira pátria."
Dessa forma, as quatro sessões do mês terão um título, em geral sendo exibidos mais de um filme. Todas as quintas, às 19h, na sala 102k. Aqui vai a programação:
04/03: Sessão vanguarda francesa
Filmes:
La P’tite Lili (1926, 12min)
O capitão fracasso (Le captain fracasse, 1927, 90min)
11/03: Sessão escola documentarista inglesa
Filmes:
Granton Trawler (1934, 11min)
Coal Face (1935, 12min)
Night mail (1936, 25 min)
Filme adicional: Rien que les heures (1928, 46min)
18/03: Sessão estúdios Ealing
Filmes: 48 horas (Went the day well?, 1942, 92min)
Segmento “The ventriloquist’s dummy” do filme “Na solidão da noite” (Dead of night, 15min)
25/03: Sessão Brasil
Filme: O canto do mar (1952, 84min)
Tuesday, October 27, 2009
Presenças, ausências, atropelamentos
As imagens da câmera do Leonardo Bittencourt não são claras. São escuras, ligeiramente subexpostas, por opção. Obscuras por uma falta de clareza de intenções ao longo de seu perambular pelas cidades do Vale do Paraíba no road-movie que este operador co-dirige com Julia Murat.
Ora o enquadramento aponta, crente em pontos ótimos do quadro, elementos(que assim se assumem)-chave para as cenas como uma árvore, um ônibus, uma senhora, um senhor, um senhor e uma senhora, ora deixa que estes elementos fluam dentro da imagem, surjam com o passar do tempo. Este segundo tipo acontece principalmente quando a câmera é posta em uma rodovia ou ferrovia. Nesses momentos, os eventos parecem poder atropelar a câmera, por quase fazerem-no literalmente, colocando a existência do câmera como participante de um jogo de forças de ausências e presenças – neste caso, o acontecimento/assunto se postando como uma força presente e maior diante de um câmera passivo, quase ausente, colocado no meio da estrada.
O embasamento da câmera, percebe-se, não é constante, ao contrário do que fazem crer as imagens mais austeras do filme. Oscila, sem aparentar vacilos, entre o tripé e a mão de Leonardo, colocando em estado latente o movimento corporal do cineasta, e deste modo sua presença e movimentos (intervenções) naquelas cenas.
O que está em crise, lembrança do título e permitindo as revoltas dessas forças (as presenças e ausências), é a autoridade de sua direção. A câmera sem soberania visual às vezes abandona o posto e empresta seu aparato imagético à captura de sons; outras vezes reclama o poder. Anuncia e renuncia seu poder. Muitas vezes confia demais no que está diante de si (ou por vir) e em seu entorno. Uma postura coerente com um processo road-movie, ainda mais em uma co-direção, não carente de organicidade mas infelizmente acusada, nos momentos finais, de suas próprias e interessantes fraquezas.
Pois se o jogo ou crise ou briga de forças pode ser rico, o próprio filme parece deslegitimá-lo, se justificando no final com uma briga de gangorra factual entre os diretores (em que o jogo de forças é sublinhado e jogado para fora do filme, já que um outro contrato entre os autores é registrado) e com a imposição de uma música que remete lúdica e rasamente à interessante crise do filme – a câmera sem pé nem cabeça é comentada por um “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada”. Uma piada a atropelar o complexo jogo de inteligências e forças criadoras que faz de Dia dos Pais um filme bom de se assistir.
Sunday, October 18, 2009
Outubro/novembro de 2009: Contemporâneos
Assim como no CinePUC de filmes internacionais, o CinePUC Brasil vai dedicar esse ciclo à filmes realizados nessa década. No entanto, o enfoque é um pouco diferente. Se no CinePUC a ideia era dedicar espaço a seis filmes e diretores sem algum critério muito específico, o ciclo do CinePUC Brasil pode ser entendido como bipartido. Na primeira metade, três filmes de diretores novos e com poucas exibições em qualquer circuito; e na segunda metade, três filmes de diretores com uma grande carreira atrás deles, mas com filmes que também sofreram da falta de exibição.
A ideia dessa introdução não é falar muito sobre os filmes ou diretores: por um lado, os ‘medalhões’ do cinema brasileiro já são bastante conhecidos; do outro, é melhor assistir aos filmes desses três novos diretores (na verdade, quatro, pois um dos filmes tem dois diretores) e conhecê-los pelos filmes do que por poucas linhas.
O ciclo não visa dar conta de todo o cinema brasileiro da década, até porque seria uma tarefa inglória em apenas seis filmes. O próprio CinePUC Brasil já dedicou dois ciclos a essa questão: Brasil Ano 2000 e Brasil Ano 2000.2. Esse ciclo busca um outro olhar: perceber um cinema brasileiro que caminha para frente independente de idade ou experiência, mas que conta acima de tudo com um desejo, um olhar, um vigor, um paixão pela realização.
As exibições são às quintas-feiras, às 19h, na sala 102K da PUC-Rio. A terceira sessão sera na quarta-feira. Exibições em DVD.
Os filmes "Êxodo" e "Rumo" contarão com a presença dos diretores após a sessão para debate, Marcelo Ikeda e Luiz e Ricardo Pretti.
Programação:
22/10: Dia dos Pais (Julia Murat e Leo Bittencourt, 2009)
29/10: Êxodo (Marcelo Ikeda, 2008) - com a presença do diretor
04/11: Rumo (Irmãos Pretti, 2009) - EXCEPCIONALMENTE QUARTA-FEIRA - com a presença dos diretores
12/11: O signo do caos (Rogério Sganzerla, 2005)
19/11: Filme de amor (Julio Bressane, 2003)
26/11: Falsa loura (Carlos Reichenbach, 2008)
Saturday, July 25, 2009
Agosto de 2009 - Glauber no exílio
Possivelmente o mais controverso e polêmico diretor brasileiro (para-além de suas qualidades artísticas), a revisão de Glauber Rocha hoje é sempre válida, agenciando novas descobertas acerca de seu cinema e do Brasil. O ciclo de agosto busca um Glauber distante de “Deus e o diabo na terra do sol” e “Terra em transe”. Distante apenas geograficamente. Nos anos 70, Glauber dirige três filmes fora do Brasil, em países da África, na Itália e na Espanha. Esses três filmes – “Leão de Sete Cabeças”, “Cabeças Cortadas” e “Claro” – serão exibidos em ordem cronológica de realização e apresentam uma grande coerência entre si, além de uma coerência com o restante da obra de Glauber (tanto anterior quanto posterior). Por mais que sejam feitos no exílio, todos eles lançam um olhar sobre o Brasil, suas raízes, suas tradições, seu misticismo, sua história, da Eztetyka da Fome à Eztetyka do Sonho, uma cultura popular, a revolução, uma antropologia visual. Glauber não só se aproxima da história brasileira e da América Latina como de todo o Terceiro Mundo, de todo o Mundo. Um cinema tricontinental.
As sessões ocorrem toda quinta-feira, às 19h, na sala 102K. Exibições em DVD.
ATENÇÃO: com o adiamento das aulas, as sessões do CinePUC também foram adiadas. Confira as datas corretas.
20/08 - O leão de sete cabeças (1970, 103 minutos)
27/08 - Cabeças cortadas (1970, 94 minutos)
03/09 - Claro (1975, 106 minutos)
Tuesday, June 09, 2009
Junho de 2009 - Hugo Carvana
Em junho, o CinePUC exibe três filmes da carreira de Hugo Carvana, abrangendo desde seu primeiro longa-metragem até o penúltimo, com o objetivo de perpassar os diversos momentos de sua carreira e construir relações entre esses três filmes, num espaço de trinta anos.
04/06 - Vai Trabalhar, Vagabundo (1973, 100 minutos)
18/06 - Bar Esperança (1983, 127 minutos)
25/06 - Apolônio Brasil, Campeão da Alegria (2003, 117 minutos)
Wednesday, May 06, 2009
Maio de 2009 - Andrea Tonacci
Neste mês, o CinePUC Brasil homenageará um dos maiores cineastas brasileiros vivos até hoje, Andrea Tonacci. Complicado falar da importância de Tonacci em tão poucas linhas; em 36 anos, ele lança apenas dois longas-metragens comercialmente, além de curtas-metragens, projetos pessoais e filmes institucionais.
Tonacci inicia sua carreira com o curta Olho por Olho (1966) em meio às movimentações do Cinema Marginal, dentro do qual dirige seu primeiro longa, Bang Bang (1970), dentro da Boca do Lixo. Até o seu próximo longa lançado comercialmente, Serras da Desordem (2006), Tonacci dirige e monta um filme em 1975, Jouez Encore, Payez Encore, apens finalizado em 1995; além do Conversas no Maranhão, com imagens rodadas entre 1977 e 1983.
Na última sessão (Serras da Desordem, dia 28), teremos o prazer de receber o ANDREA TONACCI como CONVIDADO para debater conosco. É uma oportunidade bastante rara e importante, ele virá ao Rio de Janeiro especialmente para conversar sobre o Serras e sobre o resto da carreira dele conosco.
07/05 - Bang Bang - 90 minutos
14/05 - Jouez Encore, Payez Encore - 70 minutos
21/05 - Conversas no Maranhão - 115 minutos
28/05 - Serras da Desordem - 132 minutos (presença de Andrea Tonacci para debate)
Thursday, April 09, 2009
27 anos depois
“A Idade da Terra” coloca em jogo, entre tantas, o futuro da arte cinematográfica em película (ou em geral) e como nos relacionamos com ela, a luz que bate no fotograma, reage quimicamente e imprime uma imagem, e depois?; “Anabazys”, como sua parte II, ou a sua parte incompleta, que sempre existiu mas que precisava ser filmada (o “shot missing” em “Blackout” do Abel Ferrara), coloca em jogo o que é fazer um “filme documentário” hoje. O som e a imagem, dois únicos inseparáveis e dependentes? Ou camadas que se entrelaçam e se separam, duas linhas infinitas? Os depoimentos de Glauber e os depoimentos de quem conheceu Glauber. Entrevistas? Elas precisam ser filmadas, mas logo Joel e Paloma quebram um paradigma decisivo: quem dá a entrevista? Não há créditos, não há pessoas como seres que existem no antes e no depois do filme, mas apenas personagens, inomináveis (ilegendáveis, como diria Paloma Rocha?), que contam a ficção do outro (Glauber), que são a ficção do outro (Joel e Paloma), que se fazem sua própria ficção (“Anabazys”).
Pizzini define bem essa forma de construção: o filme não é sobre alguém, mas fala de algo através desses “alguéns”. Cria seu espaço e tempo a partir de um espaço-tempo existente. Ué, é “filme documental” ou é “filme ficcional”? Para “Anabazys”, isso é balela. Há 29 anos Glauber já tinha tocado nesse assunto: Tarcísio Meira é personagem (ficção) e os membros da escola de samba não, são os seres reais (documentário). Quando um se transfigura no outro, a definição se perde. “Anabazys” não poderia seguir outro caminho. Joel e Paloma partem de vozes, polifonia sonora. Glauber irrompe iluminado pelo seu próprio nascer do sol; aos poucos, rostos desconhecidos em “A Idade da Terra” dão lugar a outros tantos desconhecidos, gravados no digital, que miraculosamente falam sobre Glauber; este Glauber que vira personagem dos dois diretores – tanto que o filme começa com “Glauber Rocha em”, discurso para as grandes estrelas que tem seu nome apresentado antes até to próprio título.
Vinte e sete anos depois de um dos filmes mais impactantes da história do cinema, cria-se outro para não deixar esquecê-lo. É isso. Para não esquecer. Não é explicar, analisar, teorizar. “Anabazys” é um tributo documentário-ficção (um filme, afinal), apaixonado, sobre uma figura, seus filmes e seus ideais.
Wednesday, April 08, 2009
Um maracanã eletrônico
Glauber cria uma sinopse profética e declamatória: o quanto isso está no filme e o quanto está no espectador? O quanto é Glauber-diretor, Glauber-espectador, Glauber-ator, Glauber-personagem. Desmaterialização da arte. Desmaterialização do sujeito, do cinema, das formas, da câmera, de tudo. Um cinema que se desmancha. Mas que se renova.
O começo do filme é um nascer do sol. Porque o filme começa depois do crepúsculo, depois que a bomba estourou, que o dia terminou, que o espelho se partiu. A Idade da Terra é a reconstrução desse espelho estético que não busca um fim nem uma origem, mas muitos fins infindáveis e uma origem primitiva, mitológica, criadora, icônica, monumental, afirmação de uma cultura que define o espaço e o tempo, a procura da verdadeira idade da terra, sua história, seu trajeto, sua duração – no entanto, o filme não assume essa teleologia.
A utopia dos heróis, dos Cristos, que se erigem eles próprios os mitos, mas que não passam de ícones fantasmagóricos, lado a lado com a morte, decadentes. Ícones de um cinema que se vê decadente. Se Glauber define o filme como religioso, está no fato da crença acima de tudo. O cinema se encaminha para um novo recomeço a partir de sua morte (representada por danças da morte, texturas, volumes), uma mistura de amadorismo com profissionalismo – Tarcísio Meira no Sambódromo, o ator-Tarcísio e as pessoas comuns, o personagem-Cristo-Colonizador e os figurantes que se transfiguram (mais uma vez o religioso) em seres atuantes, interessados, pessoas-comuns-atores-personagens).
Uma revolução e a crise da imagem; mais uma vez, Tarcísio, e Ana Maria Magalhães, agora na praia do Flamengo, a câmera que não segue vetores, paralelas, profundidade ou equilíbrio, encenação, só a repetição, o cinema como construção, um take após o outro, a claquete, a indefinição do sentido partindo da câmera. Rompe-se um tal paradigma e não se arquiteta outro. A arquitetura fluida, irrestrita, irresposável-responsabilidade. O filme solto no espaço e no tempo, desfragmentado, expelido e recebido. Como dar conta de “A Idade da Terra” e de “Anabazys”? Como dar conta de algo que não é desse mundo?
Serge Daney define como "Um Ovni fílmico, nem mais, nem menos." O OVNI, o alienígea terrestre, embora não-identificado, seja presente (passado e futuro), vivo, pulsante, Eterno.
Monday, April 06, 2009
Abril de 2009 -Joel Pizzini
Pela primeira vez o CinePUC Brasil exibirá um filme ainda em cartaz: Anabazys, de Joel Pizzini e Paloma Rocha, passa na próxima quarta-feira, dia 8, na sala 102-k às 18h. Os diretores estarão presentes no debate após a sessão, que inicia o ciclo de Pizzini no cineclube de filmes brasileiros da PUC.
Exibido no Festival de Veneza em 2007 e no Festival de Brasília do mesmo ano, onde recebeu o prêmio de Melhor Montagem (para Ricardo Miranda) e o Prêmio Especial do Júri (para Joel e Paloma), Anabazys é um filme-tributo a Glauber Rocha e seu último longa-metragem, A Idade da Terra, dirigido pelo cineasta baiano em 1980.
O longa-metragem 500 Almas compõe, com o curta Dormente, a segunda sessão do ciclo (dia 16/4). Dormente é derivado de uma vídeo-instalação elaborada por Joel Pizzini para a Bienal de São Paulo de 2004. O "ensaio documental", como classifica o cineasta, é um registro poético a partir de passagem de um trem pela metrópole.
500 Almas é um documentário sobre os índios Guató, do Mato Grosso do Sul. O longa foi eleito Melhor Documentário para o Festival do Rio de 2005 e melhores Fotografia, Montagem, Trilha Sonora e Som para o de Brasília em 2004.
O cinema de Glauber Rocha é de grande influência na carreira de Joel Pizzini. A impressão da pessoa-personagem na forma dos filmes, como propusera o baiano em Di Cavalcanti Di Glauber (1977), é recurso nos curtas e médias que lançaram Joel como diretor de TV e cinema. Lá estão o pintor Iberê Camargo em O Pintor; Manoel de Barros em Caramujo-Flor e o próprio Glauber Rocha em Retrato da Terra, que exibiremos na última sessão do mês (dia 30/4).
O interesse de Pizzini por poesia e artes plásticas é latente em seu trabalho. Por isso, e solidificando uma ponte entre seu cinema e de seus inspiradores, o cineasta contou com a colaboração de Mário Carneiro em inúmeros projetos.
Uma entrevista em vídeo com o Joel será postada, em quatro partes ao longo do mês, aqui no blog.
Saturday, March 21, 2009
Curtas na PUC
Os curtas de ficção, produzidos em Projeto de Filme 2, ainda não tem horário confirmado. A programação das produções de Projeto 1 (documentários) é a que segue:
Dia 26/04, quinta-feira, às 9h no auditório do RDC:
Anotações em novembro (Pedro Ferreira e Maria Eduarda Castro, 31 min)
Anotações sobre as ruas da cidade do Rio de Janeiro.
VARIG (Fábio Hansen, 14min)
O passado, o presente e os sonhos dos funcionários que fizeram parte da Varig.
A parte do operário (José Sérgio Junior, 23min)
Dois operários de diferentes gerações refletem sobre a profissão, as escolhas que fizeram e a situação em que se encontram.
De margem à margem (Ricardo Magalhães, 24min)
O movimento da cidade para o campo, através de dois personagens que fazem caminhos diferentes, Humberto Soares e Gustavo Praça.
De cara limpa (André De Franco e Sabrina Gregori, 27min)
Como os comediantes da comédia stand up se inspiram para desenvolver seus pontos de vista nas apresentações.
Walter Lima Júnior - a vida inspira a arte (Marcelo Feijó, 25min)
Um retrato da paixão de Walter Lima Júnior pelo cinema.
Darlan e Liana (Matheus Souza e Julia Ramil, 8 min)
Darlan e Liana são portadores de necessidades especiais. Um casal de namorados como outro qualquer.
Para inglês ver (Vitor Granado e Robson Ribeiro, 25min)
Conduzidos por jipes e guias, turistas estrangeiros anseiam por descobrir o "exótico" universo da favela.
Clara (Bruna Domingues e Flora Diegues, 19min)
"Clara" conta a jornada mágica de dois personagens em busca de sua autora: Maria Clara Machado.
Os filmes foram produzidos sob orientação do professor José Mariani no segundo semestre de 2008.
Thursday, March 19, 2009
Estou pronta para os meus close-ups, Sr. Mauro
Bela Balázs, teórico húngaro da primeira metade do século XX, teorizou sobre a questão deste no cinema mudo. O close-up que suspende o tempo, interrompe por um momento o fluxo de uma narrativa, se aproxima do ser humano, do corpo, do rosto. Aproximar a câmera e revelar o sentimento e o pensamento, o que fica além do físico, do espaço e do tempo – olhar direcionado à alma humana. Para trazer à superfície o que é mais profundo. Nessa última sequência de “Sangue Mineiro”, toda delicadeza, ambigüidade e expressividade do close-up da Carmen Santos.
O primeiro plano se dá na dimensão da fisionomia, a forma em que o rosto se apresenta. Não há mais nada, só o mundo em um rosto. E é nesse primeiro plano de um rosto que se constitui o monólogo silencioso, no qual pequenos gestos e mudanças de expressão apontam para um fala mais forte do que a própria palavra. A exemplificação disso, mais uma vez, no brilhante e transformador close-up de Carmen dirigida por Humberto Mauro e filmada por Edgar Brasil.
Saturday, February 21, 2009
Março de 2009 - Humberto Mauro
Em março o CinePUC Brasil exibirá filmes do cineasta Humberto Mauro.
12/03 - Brasa Dormida - 1928 - 96min
de Humberto Mauro
19/03 - Sangue Mineiro - 1930 - 82min
de Humberto Mauro
26/03 - Ganga Bruta - 1933 - 76min
de Humberto Mauro
02/04 - Curtas (Brasilianas e Outros Curtas) - 1945 a 1974 - 109min
de Humberto Mauro
outros textos (até 2009)
Um índice dos textos já publicados no blog do CinePUCBrasil:
- Walter Lima Junior - entrevista Parte 1
por Diogo Cavour, Fábio Andrade, Juliano Gomes, Mario Cascardo, Pedro Ferreira e Sabrina Magalhães.
- Walter Lima Junior - entrevista Parte 2
- Person na Contramão
por Cândida Maria Monteiro
- Marina Person - Entrevista
por Mario Cascardo, Marcelo Tavela e Maíra Menezes
- Recomeçar. Recomeçar novamente
por Pedro Ferreira, sobre o filme São Paulo S.A
- Lição de amor: cinema nos tempos da Embrafilme
por Rodrigo Cazes
- Aos que nos mostraram o caminho
por Juliano Gomes, sobre Chico Antônio: o herói com caráter
- Ato de violência
por Rodrigo Cazes
- Chico Antônio, o herói com caráter
por Fábio Andrade
- Debate com Hernani Heffner
sobre a obra de José Mojica Marins
- Walter Hugo Khouri
por Diogo Cavour
- WHK, uma carreira de êxitos
trancrição de texto publicado na revista Filme Cultura (nº74, 1973)
- O Invasor
por Pedro Ferreira
- Fulaninha: pequena aferição
por Mario Cascardo
Tuesday, November 04, 2008
Brasil Silencioso novembro 08
Wednesday, September 03, 2008
Maurice Capovilla setembro 08
4 - Bebel, garota propaganda (1967, 93 min)
11 - O profeta da fome (1970, 103 min)
18 - O jogo da vida (1976, 100 min)
25 - Harmada (2004, 100 min) - com a presença de Maurice Capovilla.
Thursday, August 07, 2008
Walter Salles e Daniela Thomas agosto 08
14 - A Grande Arte (1991, 100 min)
21 - Socorro Nobre (1995, 23 min) e Terra Estrangeira (1996, 100 min)
28 - O Primeiro Dia (1998, 75 min)
"A Grande Arte" será exibido em VHS, o restante em DVD.
As sessões do cineclube acontecem todas as quintas-feiras, às 19h, na sala 102-k da ala Kennedy do Edifício da Amizade- PUC-Rio.
Friday, June 06, 2008
Carlos Reichenbach junho 08
05 - Lilian M.: Relatório Confidencial (1975, 120 min)
12 - O Imperio do Desejo (1981, 110 min)
19 - Alma Corsária (1993, 112 min)
26 - Garotas do ABC (2003, 130 min)
Sunday, May 04, 2008
Pedro Camargo maio 08
de curtas e cinco longas-metragens, o atualmente professor do curso de
Comunicação Social da PUC-Rio iniciou sua carreira como ator e diretor de
teatro, em 1959, tendo trabalhado com televisão e publicidade. Foi
compositor para cinema e ator em diversos filmes nos anos 70 e 80.
08 - Estranho Triângulo (1970, 95min)
15 - Eu transo... Ela transa (1972, 100 min)
29 - curta Celacanto provoca Lerfá-mu (1979) e Amor e Traição (1981, 110 min)
Friday, March 07, 2008
Nelson Pereira dos Santos março e abril 08
06/03 - Rio, 40 graus (1955)
13/03 - Rio, Zona Norte (1957)
27/03 - Mandacaru Vermelho (1961)
03/04 - Azyllo muito louco (1970)
10/04 - Como era gostoso meu francês (1971)
17 /04 - Amuleto de Ogum (1974)
24/04 - Memórias do Cárcere (1984)
Todas as cópias são em VHS.
As sessões acontecem na sala k-102, na ala Kennedy do Edifício da Amizade, PUC-Rio. Sempre às quintas-feiras, às 19h.
Saturday, September 29, 2007
Vera Cruzoutubro
01 - Caiçara (1950, Adolfo Celi)
08 - Sai da Frente (1952, Tom Payne/Abílio Pereira de Almeida)
21 - O Cangaceiro (1953, Lima Barreto)
28 - Sinhá Moça (1953, Tom Payne/Oswaldo Sampaio)
Saturday, September 01, 2007
Arnaldo Jaborsetembro
10 - Toda Nudez Será Castigada (1973)
17 - O Casamento (1976)
24 - Eu Sei Que Vou Te Amar (1986)
Saturday, August 11, 2007
David Neves agosto
13 - Mauro, Humberto (curta, 1964) e Fulaninha (1985)
16 (quinta-feira) - Muito Prazer (1979)
20 - Lúcia McCartney, uma garota de programa (1971)
27 - Luz del Fuego (1982) - com a presença do produtor Carlos Moletta
Monday, July 23, 2007
Férias de julho
Agosto será de devoção ao diretor David Neves (1938-1994). Já vale um passeio pelo dossiê da Contracampo (em "artigos")sobre o autor.
Friday, June 08, 2007
Domingos de Oliveira junho
04 - Edu, Coração de Ouro (1968)
11 - Todas as Mulheres do Mundo (1967) - com a presença de Domingos de Oliveira no debate
18 - A Culpa (1971)
25 - Separações (2002)
Monday, May 21, 2007
Brasil Ano 2000.2 maio
07 - O Invasor (Beto Brant, 2002)
14 - Lavoura Arcaica (Luis Fernando Carvalho, 2002)
21 - O Fim e o Princípio (Eduardo Coutinho, 2005)
28 - O Céu de Suely (Karim Ainouz, 2006)
Friday, March 23, 2007
Brasil Ano 2000 abril
02 - Cafuné (Bruno Vianna, 2005)
09 - Feminices (Domingos de Oliveira, 2004)
16 - Aboio (Marilia Rocha, 2005)
Monday, February 26, 2007
Walter Hugo Khouri março
Saturday, November 18, 2006
Ana Carolina Soares novembro
Mar de Rosas (1977), dia 6, às 19h
Das Tripas Coração (1982), dia 13, às 19h na sala 102-K
Sonho de Valsa (1987), dia 27, às 19h na sala 102-K
Imdb
Thursday, September 28, 2006
José Mojica Marins outubro
À meia-noite levarei sua alma (1964), dia 2, às 19h na sala 102-K
Esta noite encarnarei no teu cadáver (1966), dia 9, às 19h na sala 102-K
Despertar da Besta ou Ritual dos sádicos (1969),dia 16, às 19h na sala 102-K
Finis hominis (1970-71), dia 23, às 19h na sala 102-K
Exorcismo negro(1974) ,dia 31, às 19h na sala 102-K
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Debate com Hernani Heffner (exclusivo)
Matéria sobre o ciclo no Jornal da PUC
Entrevista com Mojica para o site Offscreen (em inglês)
Imdb
Tese de Mestrado: Sangue, tripas, letras e películas: um olhar sobre o terror em José Mojica Marins, de Anna Carolina Machado (exclusivo para alunos da PUC)
Monday, September 11, 2006
Dercy Gonçalvessetembro
A Grande Vedete (Watson Macedo, 1957), dia 4, às 19h, na sala 102-K
Absolutamente Certo (Anselmo Duarte, 1957), dia 11, às 19h, na sala 102-K
Cala a boca, Etelvina(Eurides Ramos, 1958), dia 20 (quarta-feira), às 19h, na sala 102-K
Se meu dólar falasse (Carlos Coimbra, 1970), dia 25, às 19h, na sala 102-K
Tuesday, June 06, 2006
Eduardo Escorel junho
Wednesday, April 19, 2006
Luiz Sérgio Person maio
São Paulo S/A (1965) dia 03/05, às 19h, na sala 615-K
O Caso dos Irmãos Naves (1967) dia 10/05, às 19h, quarta-feira, na sala 615-K
Cassi Jones, o magnífico sedutor (1972) dia 15/05, às 19h, segunda-feira, na sala 102-K
Panca de Valente (1968) dia 22/05, às 19h, segunda-feira, sala 102-K
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