Bela Balázs, teórico húngaro da primeira metade do século XX, teorizou sobre a questão deste no cinema mudo. O close-up que suspende o tempo, interrompe por um momento o fluxo de uma narrativa, se aproxima do ser humano, do corpo, do rosto. Aproximar a câmera e revelar o sentimento e o pensamento, o que fica além do físico, do espaço e do tempo – olhar direcionado à alma humana. Para trazer à superfície o que é mais profundo. Nessa última sequência de “Sangue Mineiro”, toda delicadeza, ambigüidade e expressividade do close-up da Carmen Santos.






O primeiro plano se dá na dimensão da fisionomia, a forma em que o rosto se apresenta. Não há mais nada, só o mundo em um rosto. E é nesse primeiro plano de um rosto que se constitui o monólogo silencioso, no qual pequenos gestos e mudanças de expressão apontam para um fala mais forte do que a própria palavra. A exemplificação disso, mais uma vez, no brilhante e transformador close-up de Carmen dirigida por Humberto Mauro e filmada por Edgar Brasil.




1 comment:
E ela "produziu" o filme, né? Ou praticamente o fez, visto que este trabalho foi por conta do seu marido. Acho esse dado pertinente àquela discussão sobre, sexualidade, feminilidade e moralidade no filme. Afinal, ela não só se submeteu (como atriz) às diretrizes do Mauro como produziu-as, apoiou-as de partida.
"Vamos logo com esses close-ups, Sr, Mauro!!"
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